Agatha e a Fada do Dente Esquecida

O travesseiro estava alto demais. Agatha virava de um lado para o outro. Debaixo dele, embrulhado num papelzinho de seda, estava seu primeiro dente de leite.

Agatha esperou a noite toda. Ela queria ver a Fada. Queria ver o brilho das asas, queria sentir o cheiro de magia.

Mas o sono foi mais forte.

Quando Agatha acordou, o sol já entrava pela janela. Ela enfiou a mão debaixo do travesseiro, ansiosa pela moeda de chocolate.

O papelzinho ainda estava lá. O dente ainda estava lá.

O coração de Agatha murchou. A Fada tinha esquecido dela. Será que sua casa era longe demais? Será que seu dente não era branco o suficiente?

Agatha foi para a cozinha, arrastando os pés. A mãe estava fazendo panquecas.

— Bom dia, banguela! — sorriu a mãe.

Agatha mostrou o dente na mão e começou a chorar. — A Fada não veio…

A mãe parou. Ela abaixou o fogo. Pegou Agatha no colo e enxugou as lágrimas. — Sabe, filha, às vezes as Fadas ficam muito cansadas. São muitas crianças no mundo. Mas eu conheço uma mágica para chamar ela de volta.

A mãe pegou um papel colorido e uma caneta brilhante. — Vamos escrever uma carta. “Prezada Fada, sei que a senhora tem muito trabalho, mas meu dente está aqui esperando. Com carinho, Agatha”.

Agatha desenhou uma flor no envelope.

Naquela noite, ela dormiu tranquila. Quando acordou, o dente tinha sumido. No lugar, havia uma moeda dourada e um bilhetinho minúsculo, escrito com letra trêmula e brilhante: “Desculpe o atraso. Estava chovendo na Terra do Nunca. Obrigado pela carta, foi a mais linda que recebi hoje”.

Agatha sorriu. Ela percebeu que até as Fadas podem errar, e que tudo se resolve com um pouco de paciência e uma carta carinhosa.