Lavínia e o Segredo do Espelho Embaçado

O vapor quente do chuveiro transformou o banheiro em uma nuvem branca e cheirosa. Lavínia saiu do banho enrolada na toalha felpuda, sentindo as gotinhas de água escorrerem pelas costas.

Ela olhou para o espelho. Não viu seu reflexo. Viu apenas um vidro cinza e embaçado.

Lavínia esticou o dedo indicador. A superfície estava morna e úmida. Ela tocou o vidro e deslizou o dedo. Squeeeek. O barulhinho agudo fez ela rir.

Ela desenhou um círculo. Depois dois pontinhos para os olhos. E uma curva grande para o sorriso.

De repente, através dos “olhos” que ela desenhou no vidro, Lavínia viu o reflexo de seus próprios olhos castanhos brilhando de volta para ela.

— Oi, menina do espelho — sussurrou ela.

Ela desenhou uma coroa na cabeça do reflexo. Depois, desenhou asas nas costas. Ali, no meio do vapor, ela não era apenas uma menina de pijama; era uma rainha fada. Lavínia percebeu que, às vezes, quando o mundo parece nublado e confuso, a gente só precisa usar o dedo (e a imaginação) para desenhar a nossa própria alegria.