Chapeuzinho Vermelho e o Lobo da Floresta

O capuz de veludo vermelho protegia as orelhas da menina contra o vento frio da tarde. A cesta pesava em seu braço, cheirando a doces frescos e manteiga.

— Não saia da trilha — a mãe tinha avisado. Mas a floresta era cheia de cores e sons que chamavam atenção.

De repente, uma sombra cinzenta deslizou por trás de um carvalho antigo. O Lobo Mau não parecia apenas um animal; ele tinha olhos inteligentes e famintos.

— Aonde vai com tanta pressa, menina do capuz bonito? — perguntou ele, com uma voz rouca, mas tentando parecer gentil.

— Vou ver a vovó. Ela mora na casa amarela, depois do moinho — respondeu Chapeuzinho, inocente, sem perceber as presas brilhantes do animal.

O Lobo sorriu. Ele conhecia aquele lugar.

— Por que não colhe aquelas flores azuis ali longe? Sua avó vai adorar — sugeriu o Lobo, apontando para o fundo da mata.

Enquanto Chapeuzinho se distraía colhendo as flores, o Lobo correu. Ele correu mais rápido que o vento, suas patas batendo forte na terra seca, pegando o atalho mais curto.

Chegou à casa da vovó sem fôlego. Toc, toc. Imitou a voz fina da menina. A porta se abriu e, num salto rápido e escuro, NHAC! O Lobo engoliu a vovozinha inteira, nem deu tempo de ela gritar.

Rapidamente, ele vestiu a touca de dormir, os óculos e se cobriu até o nariz com a colcha de retalhos.

Pouco depois, Chapeuzinho chegou. A porta estava entreaberta. O ar dentro da casa estava estranho, silencioso demais.

Ela se aproximou da cama. A vovó parecia diferente.

— Vovó, que orelhas grandes a senhora tem! — São para te ouvir melhor, minha neta — respondeu o Lobo, afinando a voz.

— Vovó, que olhos grandes a senhora tem! — São para te ver melhor, querida.

— Vovó… e que boca enorme a senhora tem! — É PARA TE COMER!

O Lobo saltou da cama, derrubando o abajur. Chapeuzinho gritou, correndo pela sala, mas o Lobo era rápido.

Por sorte, um Caçador passava ali perto e ouviu os gritos. Ele entrou na casa com sua espingarda, viu o Lobo de barriga cheia e, sendo muito valente, resolveu o problema ali mesmo.

Com muito cuidado, ele abriu a barriga do Lobo adormecido e, para surpresa de todos, a vovozinha e Chapeuzinho saíram de lá, um pouco tontas e assustadas, mas sãs e salvas. Naquela tarde, elas aprenderam que na floresta, nem todo mundo que sorri é amigo, e que o caminho mais curto nem sempre é o mais seguro.