A Floresta da Família Encantada

O sol da manhã fazia cócegas nos cabelos dourados de Sophia, brilhando tanto quanto os rios que abraçavam seu vilarejo. Com os pés inquietos dentro das botinhas, ela sentia aquele friozinho na barriga que só a curiosidade traz. A floresta mágica a chamava.

Antes que ela pudesse correr para o portão, sentiu o cheiro doce de sua mamãe e o calor de um abraço apertado.

“Lembre-se, meu amor”, sussurrou a mamãe, ajeitando um cachinho rebelde. “A floresta tem seus encantos, mas para não se perder, escute sempre as batidas do seu coração.”

Sophia sorriu e correu para o abraço das árvores. Lá dentro, o ar era fresco e tinha cheiro de terra molhada e folhas antigas. As flores pareciam girar seus pescoços para vê-la passar, dançando com a brisa suave.

Foi quando um barulhinho chamou sua atenção. Snif, snif.

Atrás de uma raiz grossa, um coelhinho branco ajeitava uma cartola torta na cabeça. Seus bigodes tremiam de preocupação.

“Oh, pequena Sophia…”, a voz dele era fininha e trêmula. “Minha família… eles sumiram no meio das folhas! Você me emprestaria seus olhos atentos?”

O coração de Sophia se apertou de ternura. Ela se agachou, ficando da altura dele.

“Não tenha medo”, disse ela, estendendo a mãozinha. “Vamos achar todo mundo, eu prometo!”

Juntos, eles caminharam sobre o tapete crocante de folhas secas, espiando em cada toca e buraco. De repente, um vulto rápido e peludo desceu de um galho. Era uma esquilinha de olhos brilhantes.

“Eu sou a Estrela!”, disse ela, balançando a cauda felpuda. “Estão procurando alguém? Adoro ajudar!”

Com a alegria contagiante de Estrela, a busca virou uma brincadeira. Não demorou muito para sentirem um calorzinho gostoso vindo de uma clareira. Lá estavam eles! A família do coelhinho estava reunida em volta de uma fogueira mágica, que estalava e aquecia o ar frio da floresta.

Foi uma festa de abraços peludos e orelhas felizes. Os coelhos pularam ao redor de Sophia e Estrela, em uma dança engraçada de gratidão. Sophia sentiu o peito encher de alegria; aquele momento valia mais que qualquer tesouro escondido.

Ao voltar para casa, com as bochechas coradas, Sophia encontrou a mamãe esperando no portão. O abraço de volta foi ainda mais gostoso.

“Como foi sua aventura, filha?”

“Mágica, mamãe!”, Sophia respondeu, com os olhos brilhando. “Descobri que ter amigos e família por perto é o melhor feitiço que existe.”

Naquela noite, debaixo das cobertas quentinhas, Sophia fechou os olhos. O sono veio tranquilo, embalado pela certeza de que, lá na floresta ou ali no seu quarto, o amor de quem a gente gosta nunca nos deixa sozinhos.