Lorenzo e o Elefantinho que Tinha Medo de Água

A poeira vermelha da savana cobria as patas grossas de Lorenzo como se fossem meias de terra seca.

O sol estava tão quente que o ar tremia perto do chão. Fuuuuu. Lorenzo soltou o ar pela tromba, levantando uma nuvem de pó alaranjado que fez cócegas em seus cílios longos.

Diante dele, o grande lago brilhava, azul e convidativo.

— Vamos, Lorenzo! É só um mergulho! — barriu a mamãe elefante, jogando um jato de água refrescante nas costas.

Lorenzo deu um passo para trás. O cheiro de lama molhada e plantas aquáticas era gostoso, mas o barulho da água… Tchibum! Aquilo assustava. Ele sentia que suas orelhas grandes iam encher de água e ele afundaria como uma pedra cinza e pesada.

Ele ficou na beirada, enrolando a ponta da tromba em um tufo de capim seco. A sede arranhava sua garganta.

De repente, uma borboleta azul, pequena e corajosa, pousou bem na ponta de sua tromba.

Lorenzo ficou imóvel. Ele cruzou os olhos para olhar a visita. A borboleta bateu as asas devagarinho, sem medo nenhum daquele gigante.

— Atchim!

O espirro veio sem aviso. A tromba de Lorenzo balançou para frente e bateu na água com força.

Plaft!

Um leque de água subiu e caiu bem em cima da cabeça dele. Lorenzo fechou os olhos, esperando o susto. Mas o que ele sentiu foi… frescor.

A água escorreu por trás de suas orelhas quentes, lavou a poeira dos olhos e molhou sua pele enrugada. Foi a sensação mais deliciosa do mundo. Não era assustador; era um abraço geladinho no meio do calor.

A borboleta, que tinha voado com o susto, voltou e pousou em sua cabeça molhada. Lorenzo sorriu, entrou na água até os joelhos e encheu a tromba. Ele descobriu que a água não era inimiga, era o melhor brinquedo que a savana tinha inventado.