A Montanha Cinza e o Abraço da Nuvem

A Montanha era a coisa mais velha do mundo. Ela era feita de pedra dura, fria e cinzenta.

Ela se orgulhava de ser forte. O vento batia nela e não a movia. Vuuuu. O sol queimava sua superfície e ela não reclamava. Ela era solitária e silenciosa, tocando o céu com seu pico afiado.

— Eu não preciso de nada. Eu sou pedra — dizia a Montanha para o vale lá embaixo.

Um dia, uma Nuvem pequena e fofa, carregada de água, estacionou bem no topo da Montanha. A Nuvem era macia como algodão e mudava de forma o tempo todo.

— Saia daqui! — resmungou a Montanha. — Você esconde minha vista. Você é mole e fraca.

A Nuvem não saiu. Ela estava cansada de viajar. Em vez de ir embora, ela abraçou o pico da Montanha. E começou a chorar.

Não foi um choro triste. Foi uma chuva fina, constante e generosa. Plic, ploc, plic, ploc.

A Montanha sentiu a água escorrer por suas rachaduras secas. Era uma sensação estranha. Fazia cócegas. A água entrou nos buraquinhos da pedra onde a poeira estava acumulada há anos.

Por três dias, a Nuvem choveu e abraçou a pedra dura.

Quando a Nuvem finalmente foi embora, leve e vazia, o sol voltou. A Montanha olhou para si mesma. Ela não estava mais cinza. De dentro de suas rachaduras, onde a água tinha entrado, milhares de flores roxas e amarelas haviam brotado. Musgos verdes cobriam as pedras afiadas, deixando-as macias.

A Montanha, pela primeira vez, sentiu cheiro de perfume. Ela não era mais apenas uma pedra dura e sozinha; ela era um jardim vivo. Ela aprendeu que até os corações mais duros florescem quando aceitam um abraço carinhoso.