A Garrafinha Viajante

Crack! O som do plástico amassando foi alto.

A Garrafinha de água foi jogada na lixeira verde do parque. Ela se sentiu vazia e inútil. Até cinco minutos atrás, ela era importante, carregando água geladinha que matou a sede de um maratonista. Agora, estava amassada, sem tampa e suja de terra.

— É o meu fim — choramingou ela, sentindo o cheiro azedo de uma casca de banana ao lado. — Vou virar lixo para sempre.

O vento soprou e a rolou para fora da lixeira cheia. Ela rolou pela grama, bateu numa pedra e caiu aos pés de um senhor que catava coisas no chão.

Mãos calejadas e carinhosas a pegaram.

— Hum, você tem o tamanho perfeito — disse o senhor.

A Garrafinha foi levada para uma oficina cheia de serragem. Ela foi lavada (ah, que alívio sentir a água de novo!), desamassada e… cortada! Mas não doeu. Ela ganhou furos nas laterais e foi enchida, não com água, mas com sementes de girassol coloridas e cheirosas.

Uma corda foi amarrada em seu pescoço e ela foi pendurada no galho mais alto de uma laranjeira.

Minutos depois, cócegas! Passarinhos coloridos, canários e sabiás, pousaram nela para comer. A Garrafinha vibrou de alegria. Ela não era mais lixo. Ela tinha virado um restaurante aéreo! Ela aprendeu que, mesmo quando a gente acha que está vazio e sem propósito, a vida pode nos reciclar e nos dar uma função ainda mais bonita.