Arthur e a Procura pela Casa Perfeita

A areia pinicava a barriga mole de Arthur. Era uma sensação agoniante, como vestir uma roupa de lã no verão.

Arthur correu de lado, suas patinhas cor-de-rosa afundando na praia molhada. Tlep, tlep, tlep.

Ele precisava de uma casa nova. Urgentemente. A sua concha antiga tinha ficado apertada; cada vez que ele respirava fundo, sentia as paredes de cálcio espremerem suas costelas.

Arthur, o pequeno caranguejo-eremita, avistou algo brilhando perto de uma poça de maré.

Era azul, liso e parecia espaçoso. Arthur se aproximou, sentindo o cheiro de sal e algas que o vento trazia. Ele tocou o objeto com a antena. Era plástico. Uma tampinha de garrafa esquecida na areia.

Ele tentou entrar. Era leve demais. O vento bateu e quase o levou rolando areia abaixo.

— Muito leve, muito frágil — resmungou Arthur, saindo rapidinho dali.

Continuou a busca, desviando da espuma gelada das ondas que tentavam lamber seus pés. Mais à frente, viu algo branco e espiralado, meio enterrado na areia.

Parecia uma jóia do mar. Ele limpou a areia com a pinça maior. Era uma concha de caramujo, vazia, pesada e resistente.

Arthur girou o corpo, encaixou a cauda macia lá dentro e… Ploc!

O silêncio lá dentro era fresco e seguro. O barulho do mar, que antes era alto e assustador, agora soava como uma canção de ninar abafada pelas paredes grossas de sua nova fortaleza.

Não era a casa mais colorida, nem a mais brilhante da praia. Mas servia perfeitamente nele. Arthur aprendeu que a melhor casa não é a mais bonita por fora, mas aquela onde a gente se sente protegido por dentro.